Não é plausível criticarmos o futuro governo federal nesse momento, porquanto ele ainda não assumiu, não obstante já ter motivado reações diversas causadas por declarações e atos que refletem contra as lentes do noticiário político. Portanto, procurando manter, a todo custo, a coerência de sempre, abstenho-me a discorrer sobre o novo mandatário do Executivo para não desapontar contundentes críticos da personalidade humana em prejuízo do olhar conceitual. Sobre o assunto, versaremos somente a partir de janeiro de 2019.
Os últimos cinco anos da convivência brasileira foram palcos de desfechos do escancaramento da corrupção e da malversação da coisa pública, levando ao banco dos réus figuras que jamais se apresentavam suspeitas de delitos graves, tais quais verificados nas diversas esferas da sociedade. No bojo da podridão, eis que surgem políticos de todas as ideologias, autoridades, empresários respeitáveis, acima de qualquer suspeita.
Todos jogados no caldeirão das falcatruas, eis que surge um bolo fermentado de difícil ingestão. Ai, ficamos imaginando o que se passa nas cabeças pensantes das figuras metidas nesse emaranhado de falcatruas. Lá atrás, com o emblemático Romero Jucá, tivemos uma pequena amostra para a nossa degustação.
Todos se lembram dos fatos não? A senha era: “é preciso estancar a sangria”. Deixa pra lá! Parece que isso não era tão importante assim para nos preocuparmos. Nada disso! É preocupante sim, porquanto surgem agora sutilmente os efeitos de um desfecho que se equipara ao Código de Omertà, se emprestarmos aos nossos sensos a primazia de uma análise cruel, com resultados pra lá de tenebrosos.
Nesse momento, sentimos uma maratona de movimentações em torno da busca incessante de armaduras protetoras, e pra isso não estão medindo esforços, senão vejamos: remanejamentos de integrantes entre os três poderes, sem qualquer preocupação com as surradas quarentenas que nunca existiram na realidade; benesses monetárias com reajustes das gordas verbas que percebem o alto escalão do judiciário, esquecendo-se os protagonistas que foi aprovada recentemente uma Lei que congela gastos por vinte anos, aliado ao fato de que o País se encontra metido numa crise sem precedentes, sem folga até para fazer o miserável salário mínimo ultrapassar a régua dos mil reais. Ah não! Eles abriram mão do auxilio moradia, mesmo por que se trata de uma ninharia! Quatro mil reais não pesa nada no orçamento da União! É muita cara de pau dessa turma! O pior é que amarguramos servidores públicos federais (do andar de baixo), que não recebem tais benefícios, mas que defenderam com unhas e dentes as regalias dos magistrados, com tal ferocidade que até fiquei desconfiado. Eles se esqueceram de que essas mordomias são bancadas pela massa de contribuintes que, em sua maioria, não concordam com essa aberração. È aquela velha estória: “atirar com a pólvora alheia é bom demais”. Quando seremos uma Nação livre do corporativismo, do paternalismo e do proselitismo? Não queremos nem abordar o efeito cascata do escandaloso reajuste. O futuro Presidente já declarou: “o povo é que vai pagar essa conta”. É isso mesmo. Ele está certo.
O Black Friday Político está a pleno vapor. Imagino os esforços dos senhores republicanos revirando as gavetas de seus gabinetes em busca de projetos adormecidos que poderão lhes salvar a pele ou lhes propiciar vantagens monumentais nessa reta final. Os acordos fervem e as tratativas também, afinal, o jogo está aos quarenta e quatro minutos do segundo tempo, sem prorrogação nem disputa por pênaltis.
Apesar desse momento nebuloso, não devemos cair em desalento. Precisamos confiar nas instituições sérias desse País, para que, em 2019, logo no início, ajam de acordo com as prerrogativas constitucionais que lhe são atribuídas e ajudem a passar o rodo final na camada de malfeitores que permanecem entrincheirados sob a proteção do famigerado foro privilegiado.
O brasileiro quer olhar pra frente, porém com um olho no queijo e o outro no rato, afinal, a aplicação da lei nas justas proporções, contribuirá para a diminuição do extrato corrupto da sociedade que parece debochar da cara de todos sem qualquer pudor.
Com o Congresso levemente pulverizado temos de apoiar os futuros gestores, isso é se fizerem por merecer. Senão meu amigo, não vai ter refresco. Acredito nisso, afinal, é esse o discurso que “mitou” nas redes sociais até então.